domingo, 25 de setembro de 2011

PIC 2011, Diamantina, Brasil

Nesse relato contarei um pouco de minha experiência como participante do Programa de Iniciação Científica (PIC). Quando se viaja a estudos para o estrangeiro, os detalhes são importantes, desde a Universidade a que se vai, a hospedagem ou ainda a coragem para passar meses longe da família, dos amigos e do país. Sou aluno de Estudos Ingleses na Universidade de Cabo Verde na ilha de São Vicente e participei do PIC na Universidade Federal dos Vales de Jequitinhonha e Mucurí (UFVJM) em Diamantina no estado de Minas Gerais no Brasil entre os meses Agosto e Outubro de 2011.
Para mim, foi uma experiência muito interessante, tanto no quesito intelectual quanto no pessoal, pois, além dos estudos, recebi uma boa carga de experiência de vida. Sempre tive o interesse de conhecer outros países, outras culturas e outros valores e o Brasil, em especial a cidade de Diamantina, valeu por isso mesmo tendo em conta que Brasil e Cabo Verde têm em comum o facto de serem antigas colónias de Portugal.
Aterramos, eu e outros participantes que iriam para diversas universidades no Brasil, em Fortaleza no dia 1 de Agosto de 2011 e lá permanecemos dois dias esperando o voo que nos levaria à cidade de Belo Horizonte no estado de Minas Gerais. Nossa estadia em Fortaleza não teve nada de aborrecido, na realidade tivemos a oportunidade de passear bastante e comprovar a fama de cidade turística que Fortaleza detém. Praias e feiras foram das coisas que mais me impressionaram pela beleza, diversidade e principalmente pela receptividade dos brasileiros que entraram em contacto connosco.
Sabendo que meu propósito no Brasil era participar no PIC, minha ansiedade aumentou ao chegar em Belo Horizonte, sabia que faltava pouco para começar a trabalhar em meu projecto. Como eu estava enganado! Para chegar em Diamantina, onde fica a UFVJM, ainda teria que enfrentar uma viagem de autocarro de cerca de cinco horas que só aconteceria no seguinte já que iríamos pernoitar em Belo Horizonte.
Fui muito bem recebido na Pousada Inhá Mocinha, onde passei os dois meses, tanto pela dona da pousada quanto pelos empregados. O estabelecimento tinha boas condições de habitabilidade, fiquei num quarto pequeno, mas agradável. Na pousada tínhamos, eu e mais quatro alunas, alimentação incluindo pequeno-almoço, almoço e lanche, limpavam e cuidavam dos quartos e também lavavam e passavam as nossas roupas, querendo eu dizer que fomos muito bem cuidados por todo o staff da pousada.
Na reunião de apresentação à UFVJM, ficamos a saber do que era esperado de nós no PIC e o que a universidade tinha para nos oferecer a fim de cumprir os objectivos esperados. Tive a oportunidade de conhecer nesta altura a Professora Leila Alves e a Professora Patrícia Souza que seriam as minhas orientadoras actuantes sendo que o orientador oficial seria o Professor Leonardo Neves. Fui muito bem orientado pelas professoras, sendo que foram atenciosas quanto aos materiais que eu pesquisava e elaborava. Sem a ajuda e orientação delas seria impossível a execução deste trabalho.
Eu não tinha aulas que compulsivamente tinha que assistir na universidade, embora por opção própria e por desejo de conhecimento inscrevi-me em aulas de Literatura Britânica e Irlandesa e também aulas de Literatura Americana, o que fez com que o meu contacto com discentes da universidade fosse de alguma forma reduzido. No entanto, devido ao meu trabalho de pesquisa que envolvia a observação de aulas e o questionar de professores e alunos acabei por desenvolver algumas amizades nas escolas do ensino médio. Os professores e funcionários das escolas foram muito atenciosos para comigo e de uma forma mais exuberante os alunos demonstraram um carinho muito grande por mim fazendo jus à ideia de povo hospitaleiro e simpático do povo brasileiro.
Fazer este trabalho de pesquisa foi uma experiência muito positiva para mim tanto ao nível académico quanto ao nível pessoal. Poder aprender técnicas de elaboração de trabalhos científicos e colocá-los em prática foi muito gratificante e também poder entrar em contacto com uma cultura não muito divulgada em Cabo Verde, que é a cultura mineira, onde a família tem um valor enorme e vi o quanto os laços e os valores familiares são importantes. Em suma, foi uma experiência que levarei para o resto da minha vida.
Para os próximos PIC eu sugeria que os temas dos trabalhos fossem discutidos e estabelecidos antes da vinda dos alunos para o Brasil. Assim os orientadores já teriam uma ideia do que o aluno vem fazer e assim ser uma mais-valia na elaboração do trabalho visto que muitos alunos chegaram nas universidades de acolhimento e tanto os alunos quanto os orientadores não tinham ideia da finalidade desse programa.

Sem comentários:

Enviar um comentário