sexta-feira, 12 de novembro de 2010


O cesto de natal

“Odeio o natal”, pensou Anita. Era uma noite fria e escura de Dezembro, já passava das oito horas, as meninas já estavam a dormir - eram gémeas. Faltavam dois dias para o natal e ela sabia que este ano o natal seria como os outros, horrível. Ela mudara para essa cidade no dia anterior, era a terceira vez que mudava de cidade desde a morte do seu marido, havia exactamente três anos. Ele morrera num acidente de viação na antevéspera do natal. Desde então sua vida mudara completamente, ela teve que procurar um emprego e sustentar sozinhas as duas crianças que na época tinham dois meses de vida. Mas, manter um emprego e dar a atenção necessária as meninas era uma tarefa muito difícil para uma jovem de vinte e dois anos, por isso tinha muita dificuldade em manter-se num emprego por mais de seis meses. Por coincidência ou ironia do destino todas as vezes que chegava essa época festiva, para alguns, ela estava desempregada, o que juntado ao facto de ser aniversário da morte de seu amado marido, tornava esse mês do ano um tempo de sofrimento para ela.

Nesse momento ela estava na sala, no escuro, sentada no sofá velho que ela tinha comprado numa loja de velharias, ouvindo a respiração das suas filhas dormindo no andar de cima, a pensar no que faria para ter, pelo menos, o que comer na ceia do natal. Lágrimas escorriam pela face triste e cansada de Anita. De repente ouviu uma música vinda da rua, cantada por um grupo de pessoas. Ao abrir a porta deparou-se com um grupo formado por um homem, uma mulher e duas crianças, um rapaz e uma menina. Ouvia a linda música de natal e por momentos ela sentiu-se feliz. Depois que terminaram de cantar o homem disse um simples: “ Feliz Natal!” e foram embora. Ao fechar a porta ela notou um cesto na entrada da sua casa. Tirou a toalha que estava cobrindo o cesto e encontrou um bilhete que dizia: “ Seja bem-vinda à nossa querida cidade. Desejamos-vos um feliz natal, cheio de amor e felicidade. Aceite nosso pequeno presente de boas vindas. Com amor, a família Silva.”. Quando terminou de ler viu que o cesto estava cheio de guloseimas, bolos e um peru congelado. Anita estava sem fala, seu coração estava cheio de gratidão pelo que acabara de acontecer. Aquele cesto mostrou a Anita o verdadeiro espírito do natal. Independentemente do dinheiro que se tem, o natal é uma época de amor, de união e de solidariedade.

Mauro Reis